sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Metodo Etnográfico

Prezado Visitante. O curso para os alunos do CAFI foi muito gratificante e uma das minhas melhores experiências como professor. Na atualidade estou dando aulas na UFG. Convido a vissitar o blog onde apresento on-line o material dos cursos que estou ofertando: Método Etnográfico e Antropologia da Saúde. Neles vc encontrara alguns dos desdobramentos dos temas apresentados neste blog.

Atenciosamente

Prof. Gabriel O. Alvarez

O endereço do novo blog é metodoetnografico.blogspot.com

terça-feira, 24 de junho de 2008

Site acerca de como apresentar projetos

Em este site do MCT estão os passos para a apresentação de projetos, inclusive projetos de inclusão digital.

Atenciosamente

Prof. Gabriel O. Alvarez

http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/41797.html

quarta-feira, 18 de junho de 2008

"Projeto é como branco trabalha; as lideranças que se virem para aprender e nos ensinar": experiências dos povos indígenas do alto rio Negro

"Projeto é como branco trabalha; as lideranças que se virem para aprender e nos ensinar": experiências dos povos indígenas do alto rio Negro

Trata-se da dissertação de Mestrado de Gersem José dos Santos
Luciano . O trabalho tem uma parte que aborda a antropologia latino-americana e sua posição em relação aos povos indígenas. O trabalho analisa também a experiência do autor na gerência dos Projetos Demonstrativos para os Povos Indígenas. Ao refletir acerca do alto número de fracassos se pergunta se o fracasso dos projetos de desenvolvimento não significam o triunfo da tradição.

Link com trabalho do IBGE acerca da demografia da população indígena.

Link com trabalho do IBGE acerca da demografia da população indígena

Foto da turma

Relatório do curso Antropologia, Identidades e movimento indígena.

Relatório do curso Antropologia, Identidades e Movimento Indígena.

Centro Amazônico de Formação Indígena

Prof. Dr. Gabriel O. Alvarez

O curso de Antropologia, identidades e movimento indígena foi um curso intensivo para um grupo de vinte alunos indígenas de diferentes povos da região norte do Brasil. O mesmo organizou-se a partir de um programa que enumerou os temas e a bibliografia de referência para o desenvolvimento dos temas. As aulas de 7h por dia eram ministradas combinando diversas estratégias como: aula expositiva, apresentação de vídeos e trabalho grupal.

A primeira aula abordou a Antropologia num sentido amplo e as diferentes tradições de Antropologia Sócio-cultural: A perspectiva francesa, com a ênfase nas categorias do espírito humano; a tradição americana de antropologia cultural e a tradição britânica de Antropologia Social. Se realizou uma abordagem comparativa com os aportes das diferentes escolas. A aula combinou momentos expositivos com tarefa grupal, mediante a elaboração de “papelografos” que discutiam o que era e para que podia servir a Antropologia.

Na segunda aula se discutiu o trabalho de campo do antropólogo, a observação participante, diários de campo, levantamento de genealogias. Durante a aula se exibiu parte do documentário de Roque Laraia contando seu primeiro trabalho de campo com os Surui do Pará. Como tarefa prática os alunos construíram genealogias para discutir o parentesco como forma de organização social nos diferentes grupos. Se discutiu também a abordagem antropológica sobre redes, brokers ou mediadores, desenvolvidos pela antropologia política.

Na terceira aula se abordo uma crítica ao conceito de aculturação a partir do tema das identidades indígenas e o conceito de “fricção interétnica”. Ao longo da aula se apresentou o vídeo de Roberto Cardoso de Oliveira que discute seu primeiro trabalho de campo com os Terena, assim como outros depoimentos acerca do movimento indígena e a situação atual dos povos indígenas comparado com a situação nas décadas de 1950/60. No final da aula se abordaram as diferencias entre a situação colonial nos seringais e nas terras indígenas, os processos de etnogênese assim como a comparação da situação dos povos e terras indígenas nas diferentes latitudes do Brasil. Se analisou também a origem da política indígenista Brasileira a partir da igreja e da estruturação do SPI/FUNAI.

Na quarta aula se abordou o tema das diversas tradições culturais e como se expressam por meio de rituais, mitos e símbolos. A partir do material Sateré-Mawé trabalhado pelo professor, se estimulou a comparação com a situação dos diversos grupos dos alunos. A abordagem dos símbolos rituais permitiu a discussão dos aspectos performáticos do símbolo, quando se fazem coisas com palavras ou rituais. Se discutiu a eficácia simbólica dos rituais. A discussão dos símbolos tradicionais no interior de uma tradição cultural permite também analisar a continuidade dessa tradição quando na atualidade são invocados novos símbolos políticos que tem um pano de fundo tradicional. Como material de analise se apresentou o vídeo 3 Interpretações dos cantos da Tucandeira, com a interpretação dos cantos do ritual Sateré-Mawé.

Na quinta aula se realizou uma abordagem comparativa entre o poder tradicional nas sociedades indígenas das Terras Baixas e o poder na tradição ocidental. O primeiro se caracterizaria como um poder não coercitivo, onde a sociedade se coloca acima do índivíduo. O segundo por contraste é um poder coercitivo e individualista. O tema permitiu também a discussão das novas lideranças indígenas, que poderiam se caracterizadas como lideranças não-tradicionais. Durante a aula se discutiu também a diferenciação entre lideranças não tradicionais de orientação política e lideranças não tradicionais de orientação econômica. Durante a aula se assistiu o vídeo Toiro, toiro, toiro... vamos juntos trabalhar”.

Na sexta e última aula, foi retomado o tema do movimento indígena, agora desde a perspectiva das lutas pela demarcação dos territórios indígenas e das lutas pelo reconhecimento de políticas diferenciadas de saúde, educação e seguridade social, que inclui assistência e previdência social. Se assinalou a importância do movimento indígena no processo de demarcação de terras indígenas no Brasil na década dos oitenta, a descentralização da política indígenista ao longo da década de 1990. As mudanças no movimento indígena com a participação das ONGs e o mercado de projetos. Crítica de Gersem: “o fracasso dos projetos pode significar o triunfo da tradição cultural”. Necessidade de formulação de projetos que levem em conta a tradição cultural dos grupos.

Como trabalho de avaliação da disciplina se solicitou aos alunos que realizassem um trabalho com a apresentação do seu grupo étnico, organização social tradicional, símbolos e rituais tradicionais. Uma descrição da organização indígena à que estão vinculados e a formulação de um projeto que leve em conta a tradição cultural do grupo.

As avaliações do curso realizadas pelos alunos foram positivas e refletiam a demanda por um curso mais longo e com uma discução mais profunda dos conteúdos. Apesar do pouco tempo de sala de aulas, se logrou cumprir com os objetivos do curso.

Prof. Dr. Gabriel O. Alvarez

Antropólogo

quinta-feira, 12 de junho de 2008

O programa da disciplina com a bibliografia de referência.

Antropologia, Identidade e movimento indígena.
Prof. Gabriel O. Alvarez
Centro Amazônico de Formação Indígena
CAFI
29 de Maio a 5 de Junho de 208.


Curso de antropologia, intensivo, para novas lideranças indígenas. Modalidade de curso presencial, com sete horas de aula por dia. Recursos didáticos: aula expositiva, participação dos alunos, apresentação de temas em Power Point, e vídeos.


1- A Antropologia. Divisões da antropologia. A antropologia como tradição cultural. A tradição Norte americana em antropologia em Antropologia e conceito de cultura, o relativismo cultural. A tradição Francesa e as categorias do Espírito Humano. A tradição Britânica, o conceito de estrutura e o trabalho de campo. A tradição Latino-americana em Antropologia.
Cardoso de Oliveira, R. 1988. Sobre o pensamento antropológico. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro. Caps. 1 a 4.
Boas, F. As Limitações do método comparativo da antropologia (1896) In Castro, Celso (org.), 2004. Franz Boas, Antropologia Cultural. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.
Boas, F. Os métodos da etnologia (1920). In Castro, Celso (org.), 2004. Franz Boas, Antropologia Cultural. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.
Radcliffe Brown A. R. 1973. Estrutura e Função na sociedade primitiva. Petrópolis: Editora Vozes.
Malinowski, B. Argonautas do Pacífico Ocidental: um relato do empreendimento e da aventura dos natives nos arquipélagos da Nova Guinea Melanesia. São Paulo : Abril Cultural.
Evans-Pritchard: Bruxaria, oráculos e Magia entre os Zande. Rio de Janeiro: Zahar Ed.
Evans Pritchard E. E. Os Nuers. São Paulo: Ed. Perspectiva 2002.
Durkheim, E. 1989. As formas elementares da vida religiosa. São Paulo: Ed. Paulinas.
Marcel Mauss. 2003. “Ensaio sobre a dádiva” – “Uma categoria do Espírito Humano: a noção de pessoa, a de Eu”. In Sociologia e Antropologia. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.

2- Trabalho de campo. Construção do projeto ou plano de pesquisa. Métodos e técnicas da antropologia. Entrevistas e observação participante. Genealogias e parentesco. Parentesco e antropologia política.
Filme. Os Surui, Parentesco e cosmologia Tupi. A trajetória de Roque de Barros Laraia.
Cardoso de Oliveira 1998, cap 9. O trabalho do antropólogo, Brasília: Paralelo 15/ São Paulo: UNESP
Radcliffe Brown A. R. 1973. Estrutura e Função na sociedade primitiva. Petrópolis: Editora Vozes.
Malinowski, B. Argonautas do Pacífico Ocidental: um relato do empreendimento e da aventura dos natives nos arquipélagos da Nova Guinea Melanesia. São Paulo : Abril Cultural.
Van Velsen, J. “A análise situacional e o método de estudo de caso detalhado”. In: Feldman-Bianco, B. (org.) 1987. Antropologia das sociedades contemporâneas – Métodos. São Paulo: Global.
Mayer, A. C. “A importancia dos ‘quase-grupos’ no estudo das sociedades complexas” In: Feldman-Bianco, B. (org.) 1987. Antropologia das sociedades contemporâneas – Métodos. São Paulo: Global.
Wolf, Eric. “Relaciones de parentesco, de amistad y de patronazgo en las sociedades complejas”. In Banton M. (comp.), 1990. Antropología social de las sociedades complejas. Madrid: Alianza.

3- Identidades e Relações interétnicas. O conceito de Identidade na Antropologia Social. O conceito de Fricção Interétnica. As lutas pela demarcação das terras indígenas. Etnicidade e processos de identificação. Processos de etnogênese.
Filme. Os Terena e outros temas. A antropologia de Roberto Cardoso de Oliveira.
Ribeiro, Darcy, 1979. Os índios e a civilização. Petrópolis: Ed. Vozes.
Cardoso de Oliveira, Roberto, 1976. Do Índio ao Bugre. Rio de Janeiro: F. Alves.
Cardoso de Oliveira, Roberto, 1996. O índio e o mundo dos brancos. Campinas, SP: Editora da Unicamp.
Cardoso de Oliveira, Roberto, 2002. Os diários e suas margens. Viagem aos territórios Terêna e Tükúna. Brasília: Editora UnB.
Barth, Fredrik. In: Lask Tomke 2000 (org.) O guru, o iniciador e outras variações antropológicas. Rio de Janeiro: contra capa.
Cardoso de Oliveira, Roberto, 1976. Identidade, etnia e estrutura social São Paulo : Pioneira.


4- Rituais, mitos e símbolos. A eficácia simbólica. Análise de rituais e Drama Social. Análise de símbolos tradicionais. Símbolos políticos. O vídeo etnográfico como recurso para novas narrativas.
Filme. 3 Interpretações dos cantos da Tucandeira.
Turner, Victor, 1974. “Social Drama and Ritual Metaphors”. In: Dramas, Fields, and Metaphors. Symbolic Action in Human Society. Cornell University Press.
ALVAREZ, G. O. “Aspectos simbólicos do waumat: o ritual da Tocandira entre os Sateré-Mawé”. In: Línguas e Culturas Tupí. Vol I Org. Ana Suelly Arruda Câmara Cabral, Aryon Dall´Igna Rodrigues. Campinas, SP: Curt Nimuendajú; Brasília: LALI/UnB, 2007. ISBN 978-85-99944-06-6


5- Sistemas de poder. O poder tradicional e o poder ocidental. A emergência de lideranças indígenas não-tradicionais.
Filme: Toiro, toiro toiro,... vamos juntos trabalhar.
Clastres, Pierre, 2003. “cap. 1. Copérnico e os Selvagens”; “cap. 2. Troca e poder: filosofia da chefia indígena”; “cap. 11. A sociedade contra o Estado”. A sociedade contra o Estado.São Paulo: Cossac & Naify
Oliveira Filho, João Pacheco de. 1988. “O Nosso Governo.” Os Ticuna e o Regime Tutelar. São Paulo: Marco Zero
Lima, Antonio Carlos de Souza, 1995. Um grande cerco de Paz. Petrópolois, RJ: Vozes
ALVAREZ, G. O. Tradição e Política Sateré-Mawé. (No Prelo). Manaus: Valer Editora. 210p. ISBN 978-85-7512-256-3


6- Movimentos Sociais. As lutas pelo reconhecimento e as demandas por cidadania indígena. A construção dos direitos diferenciados: direito à saúde, direito à educação, direito a previdência e assistência social.

Albert, Bruce, 2000. "Associações Indígenas e desenvolvimento sustentável na Amazônia Brasileira" in Ricardo 2000:197-207. Povos Indígenas do Brasil, 1996-2000.São Paulo: Instituto Socioambiental.
ALVAREZ, G. O. Tradições Negras, Políticas Brancas: previdência social e populações afro-brasileiras. Brasília: Ministério da Previdência Social – MPS, 2006. 224p.: il.- (Coleção Previdência Social. Série especial; v.2). Fotografias de Luiz Santos. ISBN 85-88219-30-1 ; 978-85-88219-30-4
ALVAREZ, G. O. Amazônia Cidadã: Previdência Social entre as populações tradicionais da região norte do Brasil. 1. ed. Brasília: MPAS, 2002. v. 1. 195 p. ISBN 85-88219-22-0
Dos Santos, Gersen Luciano. 2006. Projeto é como branco trabalh; as lideranças que se virem para aprender e nos ensinar: experiências dos povos indígenas do alto rio Negro. Disertação de Mestrado. Departamento de Antropologia. Universidade de Brasília.
Bartolomé, Miguel Alberto, 1996. “Movimientos etnopolíticos e autonomias indígenas em México”, Série Antropologia nro 209. Brasília: Departamento de Antropologia.
Bartolomé, Miguel Alberto, 1996. “Pluralismo cultural y redefinición del Estado em México”, Série Antropologia nro 210. Brasília: Departamento de Antropologia.
Barabas, Alicia, 1996. “La rebelión zapatista y el movimiento indio en México”. Série Antropologia Nrº 208, Brasília: Departamento de Antropologia UnB.
Bartolomé, Miguel, 2002. “Movimientos indios en América Latina: los nuevos procesos de construcción identitaria”. Série Antropologia Nrº 321, Brasília: Departamento de Antropologia UnB.
Stevenhagen, Rodolfo, 1998. « El sistema internacional delos derechos indígenas ». in : Autonomías étnicas y Estados Nacionales, M. Bartolomé, A. Barabas (coord), México : Conaculta – INAH.